Saturday, November 04, 2006


Na escola, aprendemos que sentimentos são substantivos abstratos e, como tais, não podem ser contados. Eis que um dia, contrariando essa regra universal, minha namorada pediu para que eu quantificasse o amor que eu sentia por ela. Ora, esse pedido era muito complexo, pois qual unidade de medida eu usaria para realizar tal façanha? Tentei explicar para ela que sou poeta e que odeio lidar com números, ciências exatas e que, até hoje, não aprendi fazer logaritmos. Entretanto, ela insistiu com a dúvida e descobri, naquele momento, que teria sido muito útil ter sido amigo de Isaac Newton. Relembrando minhas parcas lembranças da Ciência dos Números, eu lhe disse que o meu amor por ela era proporcional ao bem-estar que eu sentia por estar com ela, elevado a décima potência dela ser uma ótima companhia, aliado a algumas propriedades distributivas que não convém mencionar aqui. Eu lhe disse também que, enquanto nossa soma fosse igual ou superior a dois, é sinal positivo de que nossa relação vale a pena. E se, algum dia, o resto for menor do que esse patamar, ou seja, dois, seria melhor repensar nossa relação. Fiquei em dúvida se ela tinha entendido essa equação amorosa, mas o beijo que ela deu em meus lábios mostrou-me a resposta.

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