Thursday, January 26, 2006

Não sou o Super-Homem



O Super-Homem surgiu nos quadrinhos em 1938. Criado por Jerry Siegel e Joe Shuster, foi o primeiro super-herói de fato, pois possuía poderes inigualáveis, tais como visão de raio-x, supervelocidade e a capacidade de voar. Para quem não nunca leu as suas histórias em quadrinhos, com certeza já deve tê-lo visto na tevê. Seus filmes imortalizaram Christopher Reeve e ajudaram a popularizar o herói. Hoje em dia, é possível ver o personagem participando do desenho da Liga da Justiça. Ah, e para quem não sabe, um novo do herói está sendo finalizado e deve estrear em breve. Mesmo depois de mais de cinquenta anos de existência, o Super-Homem continua encantando gerações. Afinal, voar é o sonho da maioria dos homens, sendo que a maioria deles jamais saberá como um pássaro se sente. Da minha parte, o poder que sempre admirei do Homem de Aço foi a sua sinceridade. Em uma cena inesquecível do primeiro filme, quando está sendo entrevistado pela Lois Lane, ele é indagado se tudo que havia dito até então era verdade. Olhando bem nos olhos dela, ele responde: "Lois, eu nunca minto". Essa cena, que vi quando era um garotinho, marcou para sempre a minha vida e sempre tentei seguir o seu exemplo. Entretanto, no mundo real, muitos vezes a sinceridade é usada como arma e no jogo de máscaras que é a sociedade, e a mentira acaba reinando. Nessas horas, principalmente quando sou obrigado a fazer uso de mentiras para ser aceito pelo mundo, abaixo a minha cabeça e reconheço, triste, que não sou o Super-Homem.
Não sou o Super-Homem
Não sou o Super-Homem.
Sou quebrável,
frágil,
palito de fósforo
que não acende.
__________________
Não sou o Super-Homem.
Meus poderes
estão encaixotados.
Pobre dos indefesos:
não ajudo
nem a mim.
__________________
Não sou o Super-Homem.
Sou confuso,
multifacetado.
A dúvida
é minha companheira:
o que fazer?
__________________
Não sou o Super-Homem.
Sou falível.
Nem sempre consigo
honrar compromissos.
__________________
Não sou o Super-Homem.
Quero a Lois
e o Lex,
a Lana
e o Jimmy.
Meu desejo
é Super
defeito.
___________________
É,
não sou o Super-Homem.
Envelheço
a cada dia.
Sou anônimo
nessa vida.
E só morro
uma vez.
26.01.06

Tuesday, January 17, 2006

Emily Rose e o Terror





A tecnologia trouxe muitos avanços ao cinema. Graças a ela, é possível assistir a cenas que nunca poderíamos imaginar. Por outro lado, no entanto, a tecnologia causou um grande estrago nos filmes de terror. Quem adorava assistir a filmes assustadores com Vincent Price(à direita), Christopher Lee (à esquerda), Peter Cushing e Boris Karloff, hoje vive frustrado. Isso porque, antigamente, os filmes de terror tinham uma boa história e um elenco de primeira. Era possível perceber, principalmente nos filmes do Vincent Price, que esses atores se divertiam interpretando os seus papéis. Para quem não é tão velho quanto este poeta, deve ter se divertido com os filmes de terror dos anos 80, como Poltergeist, Halloween, A Casa do Espanto, A Morte do Demônio e outros. No entanto, houve uma época, principalmente em meados dos anos 90, em que os filmes de terror haviam se tornado um punhado de efeitos especiais desperdiçados, já que seus roteiros eram pífios e os seus atores, idem. Os filmes eram tão ruins que alguns deles causavam mais gargalhadas do que arrepios. Essa época, no entanto, parece estar ficando para trás. Com a invasão dos filmes de terror japoneses, que muitas vezes possuem uma história de gelar a espinha, os filmes americanos voltaram a ficar legais. O Exorcismo de Emily Rose é um exemplo disso.
Esse filme, que é baseado em uma história real, narra a história de Emily

Rose, uma garota que supostamente foi possuída pelo demônio e acaba morrendo após um padre ter fracassado seguidamente na tentativa de retirar o demônio de seu corpo através de um exorcismo. O mais assustador no filme é a sua aparência de real. Jennifer Carpenter, que interpreta a garota possuída, não precisa usar maquiagens para causar medo. O modo como contorce o seu corpo, seus gritos e seus olhos arregalados ao extremo já bastam. Isso sem falar de sua voz, nas partes em que cita quais são os demônios que estão dentro de seu corpo (“One, two, three, four, five, six!”). Sua interpretação coloca a de Linda Blair, a garota do filme do exorcista, no chinelo. No filme, não fica claro se a garota foi realmente possuída. Isso vai depender da interpretação e, principalmente, da crença de cada expectador.
Seria impossível finalizar esse comentário sem mencionar a história das três horas da manhã. No filme, o demônio sempre atua nesse horário, pois é uma forma dele zombar da santíssima trindade. Depois do filme, sempre que fico acordado até essa hora, o medo toma conta de mim, como se eu fosse ver algo do além. Por isso, vou encerrar este post por aqui é pegar a cruz e me enfiar debaixo das cobertas. Está quase na hora.

Saturday, January 14, 2006

Na quinta-feira, vi minha psicóloga chorar




Um dos principais mistérios da vida é a morte. Ninguém sabe com certeza o que acontece quando a chama da vida se extingue de nossos corpos no momento do último suspiro. Para os cristãos, por exemplo, a alma repousa até o dia do Juízo Final, quando será decidido quem irá ascender aos céus e quem irá pagar por suas penas no Inferno. Por outro lado, existem religiões que pregam a reencarnação, afirmando que nossos espíritos retornam à vida em outros corpos, sendo que a vida é usada como uma espécie de escola. Quando já aprendemos o bastante, a alma não mais retorna ao nosso plano de existência. Bem, seja qual for a crença que esteja a certa, o fato é, quinta-feira, vi minha psicóloga chorar. O motivo foi a visita que o Ceifeiro fez a uma amiga dela enquanto dirigia em outro Estado. Não pedi detalhes para não ser indiscreto, mas, mesmo assim, não sei se agi certo. Fiquei diante dela, aparentemente impassível, pensando se deveria abraça-la ou não. Eu, que durante algumas sessões, não conseguira esconder minhas lágrimas pelas artimanhas da vida, não sabia o que fazer. É engraçado, mas sempre que alguém me fala que um parente ou amigo morreu, me lembro das palavras da minha ex-chefe.Ela dizia que não tinha cabimento dizer meus pêsames ou sinto muito quando se recebia uma notícia de morte pois, na verdade, não dava para fazer idéia da dor que a pessoa que sofreu a perda estava sentindo. Isso sem falar que, nessa situação, é muito difícil encontrar palavras de consolo. Até agora, me pergunto se agi bem. Se, por um acaso, ela não interpretou mal o modo como agi. No entanto, naquele dia, descobri uma coisa: psicólogas são seres humanos e, como tal, também choram.


Cristine


Cristine
Minha amada
Está sendo enterrada
É triste ver aquela garota
Faceira
Enclausurada
Num paletó de madeira
Descer sete palmos
Enquanto o padre
Lê os salmos

Mesmo sabendo que a morte
É um estado de transição
Não consigo esconder
A sensação
De vazio no peito
Nunca mais sentirei
O seu beijo
Nem o seu perfume de jasmim
Tudo porque a Morte
Tirou ela de mim.

1989

Sunday, January 08, 2006

Esperança renovada




Há algo de novo em Itanhaém. O centro da cidade, que devido ao início das obras à cerca de três meses, parecia com uma praça de guerra, está bem mais bonito do que era antes do início da reforma. O piso das calçadas, formado por tijolos, está colorido, alegre, e a felicidade também tomou conta dos comerciantes, pois o fluxo de turistas nunca foi tão grande. Mas o fato que mais agrada a este poeta é o fato de que, nessa temporada de verão, a prefeitura investiu profundamente em eventos culturais. Para quem não conhece a cidade da “Pedra que Canta”, não consegue imaginar que, até dois anos atrás, aqui não tinha cinema e que a única diversão da galera, mesmo na temporada, era ficar dançando funk em frente da Capela do Vinho, na Praça da Matriz. Mas parece que este tempo ficou para trás. Em alguns locais da cidade, estão ocorrendo apresentações teatrais, a céu aberto, já que a cidade não possui teatro. Bandas locais dividem o palco com bandas consagradas. Uma dessas bandas foi o Biquíni Cavadão, que se apresentou na sexta-feira à noite na Praia do Sonho. Para quem não conhece essa cidade e não conhece a sua pobreza cultural, não faz idéia do quanto esse evento foi marcante. A banda, além de tocar os seus hits, fez covers de diversas bandas nacionais, inclusive de bandas atuais, como o Charlie Brown Jr., o que fez a alegria do público jovem que mal conhecia o Biquíni Cavadão. Além disso, tocaram músicas internacionais que povoam as rádios; músicas que esse poeta nem sabe que banda as toca. O engraçado é que, na hora em que tocaram “We Will Rock You”, do Queen, música essa que se tornou célebre entre os teens devido a uma propaganda de refrigerantes, o público foi ao delírio, mesmo àqueles jovenzinhos que nem sabiam quem foi Freddy Mercury. Foi uma noite mágica, com muita Rock’n ‘roll, coisa que o povo que lotou a praia curtiu, apesar de estarem acostumados a ouvir sambinhas e achézinhos. Da minha parte, espero que essas atividades culturais não sejam coisa para paulistano ver e que se torne parte constante da vida da cidade. Afinal de contas, “a gente não quer só comida”.